segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

ARLEQUIM 20 ANOS (parte 5 e final)

...e assim terminamos nossas comemorações de 20 anos de ARLEQUIM! Ainda tinha mais umas HQs antigas pra postar, mas relendo o material, vejo que posso reeditá-las em algum álbum especial (é sempre bom guardar essas coisas...)
pra encerrar, teremos a seguir o trecho de uma peça de teatro de ARLEQUIM que estava escrevendo uma vez, creio ser nos idos de 1999.
Obrigado a todos que apoiaram a série nestes 20 anos. Obrigado mesmo! E vamos para o arco final. Esta história trouxe-me muita alegria e satisfação.





ARLEQUIM – UMA PEÇA

CENÁRIO 1
A casa de Matias, bem arrumada. Ele está sentado no sofá, sozinho, refletindo.
MATIAS
Puxa... papai e mamãe viajaram.. minha irmã, também, com o namorado dela... com isso, fiquei aqui... só. Com uma grande dúvida: quem vou chamar pra me ajudar a destruir a casa? (levanta-se e caminha para o telefone; pega o gancho, liga e espera) droga. Ninguém atende. (suspira) é... passarei o dia comendo pipoca e vendo tevê. (ele se senta. A campainha toca. Ele se levanta para atender)
ALINE
(ao abrir da porta, ela pula pros braços de Matias, feliz da vida)
Matias! Que falta eu senti de você! Você me disse outro dia que não iria viajar, e então achei legal se nós fizéssemos uma festinha aqui...
MATIAS
Uma... festa? Só nós dois?
ALINE
Não, seu bobo. Com minhas amigas de fora da cidade, Sônia (entra Sônia), Jennifer (entra Jennifer) e Márcia (entra Márcia).
MATIAS
(impressionado) oi... olá... (voltando-se para a platéia) tirei a sorte grande! (voltando para as garotas) er... sentem aí... esperem que já vou pegar uma água Ra vocês. Bem, vocês são de fora da cidade, né..? o que tão achando daqui, da cidade...?
SÔNIA
Legal.
MATIAS
Bem... vou pegar a água... não saiam daí! (sai de cena. Esta parte do cenário escurece.



 CENÁRIO 2
Na outra parte do palco, fica o reino das águas claras. Vários bonecos espalhados pelo chão e uma grande roda ao fundo. Em primeiro plano, estão Emerson e Rubens, sentados no chão. Rubens segura um volante e simula dirigir um carro;
RUBENS
Maldito cinturão de asteróides! Quase amassei o pára-lama do meu automóvel! Ih! Saca só, Emerson! Um engarrafamento cósmico! Sinaliza aí, Emerson, vou virar à direita pra fugir dessa baderna! Esse ônibus espacial não desgruda de mim!
EMERSON
(pega uma buzina e faz um estardalhaço, enquanto sinaliza à direita. Olha pra trás)
Guentae, seu barbeiro de Marte! Ta querendo beijar minha traseira, é? Aposto que comprou a carteira de motorista em alguma lua de Saturno.
RAQUEL
(entra vestida de anjo. Não acredita no que vê) ... o que é isso?
RUBENS
Vou avançar o sinal negro. Vê se não vem nenhum cometa aí, Emerson!
EMERSON
Tá barra limpa!
RAQUEL
(empurrando Rubens) eu disse, “o que é isso?”

(Rubens e Emerson tombam, assustados. Ouve-se um som de carro derrapando e batendo. Raquel dá um passo pra trás, impressionada com a atitude da dupla. )

RAQUEL
Querem me fazer o favor de me dizer o que afinal está havendo?
EMERSON
(simulando ter se machucado e estar se arrastando de escombros) ai... estava a uns 500 metros do nirvana, quando algo bateu... (recua assustado, ao olhar para Raquel) epa! Um anjo!
RUBENS
Estica o braço e implora como se estivesse preso às ferragens) Emerson...


EMERSON
Já vo te tirar das ferragens de faz-de-conta, cara! Vem! (puxa Rubens pelo braço). Cara, tu não vai acreditar! Quase atropelamos um anjo!
RUBENS
Espero que ele não esteja com bafômetro! Acho que bebi muito antes de dirigir...   
RAQUEL
Era só o que me faltava! Ao invés de vigiar o templo de Estrelinha, a deusa dos brinquedos, vocês ficam brincando de faz-de-conta! Não acham que estão bem grandinhos pra ficar de palhaçada? Vocês tem um trabalho de muita, mas muita responsabilidade!
RUBENS
Iiihh, agora um cupido todo cheio de pose resolveu bancar o adulto!
EMERSON
É, vai ver que essa roupa caretona que são forçadas a usar que as deixa assim! Ou a falta de trabalho. O amor anda em baixa na Terra...
RUBENS
...er está imperando a cada dia o ódio e a desconfiança entre as pessoas, tornando tudo muito complicado. Por isso que os anjos andam tão irritados ultimamente.
EMERSON
Mas, para falar a verdade, eu acho que é porque roubaram os caramelos dela semana passada! Hahahaha!
RUBENS
(tenta segurar uma risada, mas acaba também caindo na gargalhada)
RAQUEL
(tira o avental de anjo e revela um visual bem moderno. Após tirar o avental, começa a bater com ele em Emerson e Rubens, que ainda rolam de rir. As palmadas os fazem parar)
Vocês são uns idiotas, mesmo! Às vezes até falam umas verdades, mas conseguem perdê-las no meio de suas risadas!
EMERSON
(levanta-se) ora, caso a senhorita não tenha percebido, este aqui é um templo de brincadeiras. Então, nada mais sensato a se fazer que brincar.
RUBENS
Pois é.


EMERSON
E sem falar que estamos vigiando este ferro-velho à toa.
RUBENS
(se levanta) isso aí. A falta de adoradores da Estrelinha fez com que ela desaparecesse, e estamos criando raízes aqui. Poxa, eu quero ir pra outros cantos do Reino das Águas Claras, conhecer pessoas...
RAQUEL
(fica um tempo calada, pensando)
Acho que vocês tem uma abobora no lugar do cérebro! Caras, se vocês ainda não se mancaram, a deusa de vocês morreu! Se... se não sou eu pra avisar, vocês iriam ficar aqui pra sempre! Como se chamam?
EMERSON
Sou Emerson, e este é o Rubens. E você?
RAQUEL
Sou Raquel, vigésimo quinto anjo do sétimo corpo de anjos potestatos alados.
RUBENS
Anjo metido esse, né? Custava dizer o nome...

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